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// Postado Por: Radio Country Umuaram Fm //: sábado, 19 de setembro de 2020



José Alves dos Santos, José Rico (1946-2015), nome adotado em alusão à terra rica, Paraná, onde cresceu, conhece Romeu Januário de Matos, Milionário (1940) em São Paulo em 1968, em um hotel da “boca do lixo” em que artistas sertanejos iniciantes se fixam. Ele deixa o trio do qual faz parte para ser o novo parceiro de Romeu que, para combinar com o nome do colega, adota o pseudônimo Milionário.

Gravam o álbum Matéria Paga (1970). Sem sucesso em São Paulo, vão para Londrina, Paraná, onde conseguem emprego como compositores de jingles num estúdio. São apresentados pelo compositor Prado Júnior ao diretor da gravadora Continental-Chantecler, Brás Baccarin, que se interessa pela música da dupla e decide lançá-la. O álbum não atinge vendagem significativa nos primeiros meses, mas depois melhoram, encorajando a contratação. Em 1975, lançam o primeiro álbum pela Chantecler, Ilusão Perdida. O quarto LP traz o apelido da dupla: As Gargantas de Ouro do Brasil. A consagração pública, porém, só é atingida em 1977, com a canção rancheira “Estrada da Vida, que vende mais de dois milhões de cópias, fato inédito para a música sertaneja, e inspira o filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos (1928) lançado em 1980. Visto pela delegação chinesa no Festival de Brasília (1984), o filme tem seus direitos de distribuição comprados, faz sucesso na China e resulta em turnê da dupla em 1986. Estrelam ainda no filme Sonhei com Você (1988), de Ney Sant’Anna, filho de Nelson Pereira dos Santos.

Em 1991, a dupla se desfaz. Milionário grava com Mathias (da dupla Mato Grosso e Mathias) e José Rico tenta carreira solo. Voltam em 1994 e gravam seu primeiro CD, Nasci para te Amar.

Até o final da década de 1960 a música sertaneja pouco se modifica, sendo entendida como moda de viola, catira, cururu e toada, gêneros que aos poucos entram em baixa diante da concorrência com a guarânia paraguaia e o bolero mexicano, que chegam ao público brasileiro pelo cinema nos anos 1950. Transformações sensíveis ocorrem só a partir da década de 1970, com a substituição da viola pela guitarra elétrica e a incorporação da figura do caubói.

A influência estrangeira, presente na MPB como um todo, é marcante na obra de Milionário e José Rico. No entanto, eles se distinguem por criar um estilo próprio com base na combinação de diferentes instrumentos e referências musicais, compondo um repertório variado, que abrange bolero, guarânia, canção rancheira, rasqueado, chamamé, polca e balanço, valendo-se de guitarra paraguaia, pistom mariachi, violino, contrabaixo, flauta, trompete, violão, harpa e percussão.

Num momento em que ainda são quase obrigatórios os esquetes nos números sertanejos, eles os abolem, mostrando o intuito de obter reconhecimento de sua música, o que é possível pela consolidação do mercado de bens culturais e da indústria fonográfica no Brasil no período.

Apesar do nome ostensivo, a dupla de figurino extravagante apresenta em suas canções o valor da humildade, que se aprende pelas lições de vida, “Este é o exemplo da vida / para quem não quer compreender / Nós devemos ser o que somos / ter aquilo que bem merecer” (trecho de “Estrada da Vida”, 1977), e também trata sobre o amor.

Milionário e José Rico contribuem para a configuração da música sertaneja pop, um fenômeno de mídia e mercado cultural. Gravam participações em trabalhos de sertanejos contemporâneos e, em 2008, lançam seu primeiro DVD.

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo635905/milionario-e-jose-rico

 

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